O dólar encerrou o primeiro pregão de 2025 em queda, cotado a R$ 6,16, registrando recuo de 0,28%. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, fechou em leve baixa de 0,13%, aos 120.125 pontos. Ambos os indicadores refletem a combinação de fatores externos e internos que continuam a pressionar o mercado financeiro.
Cenário Global e Reflexos no Brasil
Os investidores repercutiram os números divulgados nos Estados Unidos, como a queda nos pedidos semanais de seguro-desemprego, que recuaram de 220 mil para 211 mil, abaixo das expectativas. Além disso, os indicadores econômicos chineses mostraram um crescimento industrial mais lento que o esperado, com o PMI industrial fechando dezembro em 50,5 — abaixo dos 51,6 projetados.
Esses dados indicam incertezas na economia global, o que reflete diretamente nas decisões dos investidores, especialmente em mercados emergentes como o Brasil.
Fatores Internos e o Peso do Cenário Fiscal
Internamente, o mercado financeiro segue atento ao cenário fiscal brasileiro. Após o pacote de cortes de gastos anunciado pelo governo em 2024, o mercado demonstra desconfiança quanto à capacidade do país de atingir as metas fiscais.
O governo tem como objetivo zerar o déficit público em 2025, conforme estipulado no arcabouço fiscal. No entanto, analistas avaliam que as medidas adotadas até agora não serão suficientes para sustentar o equilíbrio das contas públicas.
Segundo a XP Investimentos, o potencial de economia fiscal recuou de R$ 52 bilhões para R$ 44 bilhões, comprometendo a sustentabilidade do plano fiscal em médio prazo.
Impacto no Dólar e na Bolsa
O dólar acumulou alta de 27,35% frente ao real em 2024, sendo a maior valorização desde 2020. Entre os fatores que contribuíram para o desempenho estão:
- Incertezas fiscais e alta percepção de risco no Brasil;
- Taxas de juros mais atrativas no exterior, especialmente nos EUA;
- Conflitos internacionais e volatilidade nos mercados globais.
O Ibovespa, por sua vez, encerrou o ano passado com perdas de 10,36%, pressionado pelos mesmos fatores. No pregão desta quinta-feira, a bolsa refletiu tanto os dados internacionais quanto a cautela com o cenário fiscal doméstico.
Previsões para o Futuro
Os analistas apontam que o governo precisará adotar medidas adicionais para controlar o endividamento público e reconquistar a confiança dos investidores. Isso inclui ajustes em despesas obrigatórias, como Previdência e benefícios vinculados ao salário mínimo, temas sensíveis que esbarram em promessas de campanha e prioridades políticas.
Enquanto isso, o mercado deve continuar a oscilar, refletindo a combinação de fatores externos e internos. A sustentabilidade fiscal e a dinâmica da economia global serão os principais vetores a influenciar os próximos movimentos do dólar e da bolsa de valores.